- PLANEJAMENTO – É necessário planejar, não importa o tamanho ou a importância da missão ou do projeto, o planejamento é essencial para sabermos com o que estamos lidando ou o que vamos lidar.
No meu planejamento para o Caminho de Santiago de Compostela, tive que entender do que se tratava, o Caminho a ser percorrido, recursos que poderiam ser necessários, tipo de preparo prévio necessário, documentações obrigatórias, etc.
- PENSAR MACRO – No início do planejamento é necessário ter uma visão estratégica do que se pretende executar, “olhar de fora” do problema, assim pode-se analisar os grandes problemas possíveis e antecipar movimentos.
Uma grande decisão que tomei no início do meu planejamento para o Caminho, foi alugar a bicicleta lá na Espanha ao invés de levar de casa, decisão que só pôde ser tomada a partir do meu olhar externo da situação, olhando o todo.
- OBSERVAR O MICRO – É importante, é claro, ver possíveis pequenos problemas que podem ocorrer para não sermos pegos totalmente de surpresa, mas não devemos perder tempo com eles, pois a maioria deles não estão sob nossos controles, não valem o tamanho do esforço dedicado e podem ser contornados durante a execução.
Se antes da minha peregrinação eu tivesse perdido muito tempo tentando resolver coisas pequenas como 100% dos locais para dormir e/ou comer, eu teria me estressado previamente, não teria resolvido tudo e com certeza teria perdido a chance de conhecer lugares e pessoas maravilhosas que foram se colocando no meu Caminho.
- FLEXIBILIDADE – O Planejamento não é estático, pelo contrário, o fato de nos planejarmos nos dá maiores possibilidades de variação a adaptação às situações que forem surgindo durante a execução, sem nos causar transtornos. Esteja sempre aberto a alterações de percurso e flexibilização, sem perder o foco no objetivo final.
Essa possibilidade de sair do Caminho me permitiu conhecer algumas cidades e paisagens que não estavam previstas inicialmente, que não constavam nos mapas e guias, experimentar comidas diferentes e parar em locais inesperados só para observar, retornando depois ao Caminho.
- RESILIÊNCIA – A flexibilidade que falei está ligado de forma direta a resiliência, com um comportamento resiliente, o nosso planejamento terá ainda mais sucesso, pois teremos mais facilidade de nos adaptarmos às situações inesperadas que o meio irá nos apresentar, pois uma coisa é certa: O mundo real não pode ser planejado em 100% de suas particularidades.
Durante o Caminho, tive dezenas de intempéries à minha frente, muito frio, chuva, dores, distância, cansaço, etc. o que diferencia quem termina uma grande viagem dessas de quem desiste logo é o preparo mental e a capacidade de se adaptar às realidades impostas.
- NÃO LUTE CONTRA O INEVITÁVEL – Se uma situação vai ser muito difícil, quase impossível na primeira vista, temos uma pergunta a fazer: Isso pode ser evitado? se a resposta for negativa e a situação vai ocorrer de qualquer maneira, por pior que ela pareça, não perca tempo lutando contra, busque formas de contornar e faça “doer menos”.
Em uma grande viagem de bicicleta, temos medo do inesperado e achamos que precisamos ter o preparo de um “ironman” nunca teremos. Portanto se prepare com as ferramentas que possuem e siga em frente, depois você vai ver que nem era tão difícil assim.
- RECURSOS – Levante os recursos que acredita ser necessários, pense em recursos financeiros, humanos, físicos, equipamentos, preparo pessoal e entenda onde pode buscar, mas se preocupe só com o mínimo essencial, porque como já falei, nunca teremos o perfeito e sempre temos que iniciar.
Todos os recursos necessários para uma viagem “perfeita” de bike não iriam nem caber na bicicleta, portanto pegue o imprescindível e siga em frente.
- PROPÓSITO – Onde você quer chegar? Qual o seu objetivo final? O que você não abre mão e é inegociável durante a execução? Estabeleça seus limites e regras e siga em frente, quaisquer dúvidas durante a execução, revisite as suas regras inegociáveis.
Eu tinha determinado que durante o Caminho de Santiago de Compostela, iria cumprir todo o percurso de bike e pelo Caminho original dos peregrinos, isso era inegociável. Com isso não me interessava quantas dores eu tinha, se tinha possibilidade de carona ou uma estrada bem asfaltada era um “atalho” para a próxima cidade, esse quesito não estava em negociação. Cumpri 100% do meu objetivo pessoal e tenho muito orgulho disso.
Existem dezenas de outros pontos que posso falar sobre planejamento, mas não adianta se alongar muito, o planejamento tem uma linha geral, mas ele é muito particular de cada pessoa e de cada projeto.
Portanto veja as suas condições e SIGA EM FRENTE.
Publicado anteriormente no Portal do Sebrae